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Capítulo 2 de Silver Shadows traduzido
09 julho 2014

Liberaram o segundo e o terceiro capítulo de Silver Shadows , novo livro da série Bloodlines. No momento, enquanto a nossa staff trabalha rapidamente para traduzir o terceiro capítulo, você pode ler o segundo (POV do Adrian) logo a seguir.

Silver Shadows será lançado dia 29 de julho de 2014.

Aproveitem e nos digam o que estão achando, que vou dar minha opinião logo no final.

Capítulo 2 – Adrian

“Não leve isso a mal, mas você está horrível”.

Eu levantei minha cabeça da mesa e abri levemente um olho. Mesmo com os óculos escuros – do lado de dentro – a luz ainda era demais para o martelar na minha cabeça. “Sério?” Eu disse. “Existe um jeito certo de ouvir isso?”

Rowena Clark me encarou um olhar imperioso que era tão parecido como Sydney talvez tivesse dado. Isso me causou um solavanco no meu peito. “Você pode ouvir isso construtivamente”. O nariz de Rowena se enrugou. “Isso é uma ressaca, certo? Porque, quero dizer, isso implica que você esteve sóbrio em algum ponto. E pela fábrica de gin que eu consigo cheirar, eu não tenho tanta certeza”.

“Estou sóbrio. No geral”. Eu me atrevi a retirar os óculos escuros para dar uma olhada melhor nela. “Seu cabelo está azul”.

”Azul petróleo”, ela corrigiu, tocando nele conscientemente. “E você o viu dois dias atrás”.

“Eu vi?” Dois dias atrás deve ter sido nossa última aula de mídia mixada em Carlton College. Eu mal conseguia me lembrar de duas horas atrás. “Bem. É possível que eu não estivesse sóbrio nessa ocasião. Mas ficou legal”, acrescentei, esperando que me poupasse de alguma desaprovação. Não poupou.

Na verdade, meus dias sóbrios na faculdade eram meio cinquenta por cento ultimamente. Considerando que apesar de eu estar indo às aulas de todo modo, eu achava que merecia algum crédito. Quando Sydney partiu – não, foi levada – eu não queria vir aqui. Eu não queria ir a lugar algum ou fazer qualquer coisa que não fosse achá-la. Eu me encolhi na minha cama por dias, esperando e chegando até ela pelo mundo dos sonhos pelo espírito. Só que eu não conectei. Não importava qual hora do dias eu tentava, eu nunca parecia encontrá-la em seu sono. Não fazia sentido algum. Ninguém conseguia ficar acordado tanto tempo. Pessoas bêbadas eram mais difíceis de se conectarem já que o álcool diminuíam os efeitos do espírito e bloqueava sua mente, mas de algum modo eu duvidava que ela e seus captores Alquimistas estavam tendo festas de coquetel sem parar.

Eu talvez tenha duvidado de mim mesmo e das minhas habilidades, especialmente depois de ter usado medicação para desligar o espírito por um tempo. Mas minha magica eventualmente voltou com força total, e eu não tive dificuldade alguma em alcançar outros em seus sonhos. Talvez eu fosse inepto em várias outras coisas da vida, mas eu ainda era sem sombras de dúvida o melhor especialista visitador de sonhos usuário de espírito que conhecia. O problema era, eu só conhecia poucos outros usuários de espírito, ponto, então não havia muitos conselhos que eu poderia obter do porquê eu não estava alcançando Sydney. Todos os vampiros Moroi usam algum tipo de magia elementar. A maioria se especializa em um dos quatro elementos físicos: terra, ar, água ou fogo. Pouquíssimos de nós usa espírito, e não há uma boa história documentada sobre isso como há dos outros elementos. Havia muitas teorias, mas ninguém sabia com certeza por que eu não alcançava Sydney.

O assistente do meu professou deixou cair uma pilha de papéis grampeados na minha frente e uma idêntica na frente de Rowena, arrancando-me de meus pensamentos. “O que é isto?”

“Hm, sua prova final”, disse Rowena, rolando seus olhos. “Deixe-me adivinhar. Você não se lembra disso também? Ou eu me oferecendo para estudar com você?”

“Deve ter sido um dia em branco para mim”, eu murmurei, virando desconfortavelmente as páginas.

A expressão de repreensão de Rowena se transformou para uma de compaixão, mas qualquer coisa que ela poderia ter tido foi engolida pela ordem do nosso professor de ficar quieto e trabalhar. Eu encarei a prova e me perguntei se eu poderia trapacear através disso. Parte do que me arrancou da cama e levou de volta à faculdade era saber o quanto educação significava para Sydney. Ela sempre teve inveja da oportunidade que eu tinha, uma oportunidade que seu pai controlador babaca negou a ela. Quando eu percebi que eu não conseguiria achá-la  de imediato – e acredite em mim, eu tentei de vários jeitos mundanos, junto com os mágicos – eu resolvi consigo mesmo que eu seguiria em frente e fazer o que ela gostaria: terminar esse semestre de faculdade.

Admito, eu não tenho sido o aluno mais dedicado. Já que a maioria das minhas aulas era do tipo de arte introdutória, meus professores normalmente ficavam tranquilos sobre dar créditos desde que você entregasse algo. Isso era sorte minha porque “algo” era provavelmente a descrição mais legal para algumas peças horríveis que criei recentemente. Eu sustentei uma nota passável – raspando – mas essa prova talvez me derrube. Essas questões eram tudo ou nada, certo ou errado. Eu não poderia apenas enrolar um desenho ou pintura e esperar por pontos por esforço.

Enquanto eu começava a fazer minhas melhores tentativas em responder as perguntas sobre desenho de contorno e paisagens desconstruídas, eu senti as beiradas sombrias da depressão me puxando para baixo. E não era apenas porque eu iria provavelmente reprovar nessa matéria. Eu também iria falhar com Sydney e suas altas expectativas para comigo. Mas sério, o que era uma matéria quando eu já tinha falhado com ela em tantas outras maneiras? Se nossas posições estivessem trocadas, ela provavelmente já teria me encontrado por agora. Ela era mais esperta e engenhosa. Ela poderia fazer de forma extraordinária. Eu não podia nem cuidar do ordinário.

Entreguei a prova uma hora depois e esperei que eu não tivesse desperdiçado um semestre inteiro no processo. Rowena tinh terminado cedo e estava me esperando do lado de fora da sala. “Você quer comer alguma coisa?” ela perguntou. “Por minha conta”.

“Não obrigado. Eu tenho que encontrar meu primo”.

Rowena me fitou com cautela. “Você não está dirigindo, não é?”

“Estou sóbrio agora, muito obrigado”, eu disse a ela. “Mas se lhe faz sentir melhor, não, eu vou pegar o ônibus”.

“Então acho que é isso, hein? Último dia de aula”.

Eu acho que era, eu me dei conta. Eu tinha outras duas matérias, mas esta era a única com ela. “Tenho certeza que iremos nos ver de novo”, eu disse valentemente.

“Espero que sim”, ela disse, olhos cheios de preocupação. “Você tem o meu número. Ou pelo menos costumava ter. Estarei por aqui este verão. Ligue para mim ou Cassie se você quiser sair… ou se tiver alguma coisa que você queria conversar… eu sei que você teve algumas coisas duras para lidar ultimamente…”

“Já lidei com coisas mais duras”, menti. Ela não sabia metade, e não tinha como ela saber, não como uma humana comum. Eu sabia que ela imaginava que Sydney havia terminado comido, e que tinha me matava ver a pena de Rowena. Eu mal poderia corrigi-la no entanto. “E eu definitivamente vou entrar em contato, então é melhor você ficar do lado do seu telefone. Vejo você por aí, Ro”.

Ela me deu um aceno vago enquanto eu andava em direção à parada de ônibus mais próxima do campus. Não era assim tão distante, mas eu me encontrei suando no momento em que eu chegava. Era maio em Palm Springs, e nossa primavera fugaz estava sendo pisoteada no solo pelo quente e sufocante verão se aproximando. Pus os óculos de sol de volta enquanto esperava e tentei ignorar o casal de hipsters fumando ao meu lado. Cigarros, pelo menos, era um vício que eu não tinha retornado desde que Sydney partiu, mas era difícil às vezes. Muito difícil.

Para me distrair, abri minha mochila e espiei dentro para uma pequena estátua de um dragão dourado. Pousei minha mão nas suas costas, sentindo suas escalas minúsculas. Nenhum artista poderia ter criado um trabalho de arte tão perfeito porque ele na verdade não era uma escultura. Ele era um dragão de verdade – bem, uma callistana, para ser preciso, que era um tipo de demônio do bem – que Sydney tinha invocado. Ele tinha se conectado a ela e a mim, mas apenas ela tinha a habilidade de transformá-lo entre suas formas vivas e petrificadas. Infelizmente para Hopper aqui, ele tinha sido preso neste estado quando ela foi sequestrada, significando que ele estava aprisionado nisso. De acordo com a mentora mágica de Sydney, Jackie Terwilliger, Hopper tecnicamente ainda estava vivo, mas vivendo em uma existência bem miserável sem comida e atividade. Eu o levava para todos os lugares a que ia e não sabia se ter contato comigo significava alguma coisa para ele. O que ele realmente precisava era de Sydney, e eu não poderia culpá-lo. Eu precisava dela também.

Eu estava dizendo a verdade para Rowena: eu estava sóbrio agora. E isso era de propósito. A longa viagem de ônibus pela frente me dava a oportunidade perfeita para procurar Sydney. Mesmo que eu não tentasse mais alcançá-la em seus sonhos com tanta voracidade como uma vez tinha, eu ainda tentava ficar sóbrio algumas vezes por dia para procurar. Assim que o ônibus estava se movendo e eu estava confortável no meu assento, eu convoquei a mágica do espírito dentro de mim, exaltando brevemente na forma gloriosa que ela me fazia sentir. Era uma emoção de dois gumes no entanto, uma que estava temperada com o conhecimento que o espírito devagar iria me levar à insanidade.

Insanidade é uma palavra tão feia, uma voz na minha cabeça disse. Pense nisso como obter uma nova visão da realidade.

Eu estremeci. A voz na minha cabeça não era minha consciência ou nada parecido. Era minha Tia Tatiana morta, antiga rainha dos Moroi. Ou, bem, era o espírito me fazendo alucinar sua voz. Eu costumava ouvi-la quando meu humor caía para lugares baixos específicos. Agora, desde que Sydney foi embora, essa aparição da Tia Tatiana se tornou uma companhia recorrente. O lado positivo – se você puder olhar para isso dessa forma – era que alguns dos efeitos colaterais do espírito se tornaram menos frequentes. Era como se a loucura do espírito tivesse mudado de forma. Era melhor ter conversas mentais com uma parente morta imaginária do que estar sujeito à mudanças de humor descontroladamente dramáticas? Eu honestamente não tinha certeza.

Vá embora, eu falei para ela. Você não é real. Além do mais, está na hora de procurar por Sydney.

Uma vez que eu tinha me ligado à magia, eu alonguei meus sentidos, procurando por Sydney – a pessoa que eu conhecia melhor que qualquer um nesse planeta. Achar alguém dormindo que eu conhecia pouco seria fácil. Achá-la – se ela estivesse dormindo – não teria sido esforço algum. Mas eu fiz contato nenhum e eventualmente deixei a mágica ir. Ou ela não estava dormindo ou ainda estava bloqueada de mim. Derrotado mais uma vez, encontrei um frasco de vodka na minha mochila e me joguei nela enquanto eu esperava minha viagem para Vista Azul.

Eu estava satisfeitamente tonto, cortado da minha mágica mas não do meu coração partido, quando eu cheguei na Escola Preparatória de Amberwood. As aulas tinham acabado de terminar pela tarde, e alunos em uniformes elegantes estava se movendo de um lado para o outro entre os prédios, para estudar ou dar amassos ou qualquer coisa que alunos de ensino médio faziam perto do final do período. Eu caminhei para o dormitório das garotas e esperei do lado de fora por Jill Mastrano Dragomir me achar.

Enquanto Rowena apenas supôs o que estava me incomodando, Jill sabia exatamente quais eram meus problemas. Isto era porque Jill de quinze anos tinha o “benefício” de ser capaz de ver na minha mente. Ano passado, ela tinha sido alvo de assassinos querendo destronar sua irmã, quem por acaso era a rainha dos Moroi e uma grande amiga minha. Tecnicamente, aqueles assassinos tivera êxito, mas eu trouxe Jill de volta através de mais habilidades extraordinárias de espírito. Essa façanha de cura me deu uma enorme baqueada em mim e também forçou um laço psíquico que deixava Jill saber meus pensamentos e sentimentos. Eu sabia que minha recente crise de depressão e bebedeira tinham sido duros com ela – apesar que pelo menos a bebida adormecia a conexão alguns dias. Se Sydney estivesse por perto, ela teria me repreendido por ter sido egoísta e não pensado nos sentimentos de Jill. Mas Sydney não estava por perto. O peso da responsabilidade pesava somente em mim, e eu não era forte o suficiente para suportá-lo, parece.

Três ônibus de transporte do campus vieram e foram, e Jill não estava em nenhum deles. Este era nosso usual dia da semana para ficar juntos, e eu fiz questão para continuar com isso, mesmo que eu não conseguisse continuar com mais nada. Eu peguei meu telefone e mandei uma mensagem para ela: Ei, estou aqui. Está tudo bem?

Nenhuma resposta veio, e uma ponta de preocupação começou a percorrer em mim. Depois da tentativa de assassinato, Jill foi mandada para cá para se esconder entre humanos em Palm Springs porque o deserto não era um lugar que nem nosso povo nem os Strigoi – maus, vampiros morto-vivos – gostariam de estar. Os Alquimistas – uma sociedade secreta de humanos obcecados em deixar humanos e vampiros longes um do outro – mandaram Sydney como uma conexão para terem certeza que as coisas ocorressem com suavidade. Os Alquimistas queriam ter certeza que os Moroi não mergulhassem em uma guerra civil, e Sydney fez um bom trabalho em ajudar Jill através de todos os tipos de altos e baixos. Onde Sydney tinha falhado, todavia, era ter se envolvido romanticamente com um vampiro. Isso meio que foi contra os procedimentos operacionais dos Alquimistas de humanos e vampiros ficarem longe um dos outros, e os Alquimistas responderam brutal e eficientemente.

Mesmo depois de Sydney ter ido embora e sua substituta caradura, Maura, ter chegado, as coisas continuaram relativamente calmas para Jill. Não tem tido sinal algum de perigo de tipo algum, e nós até tínhamos indícios que ela poderia retornar à banal sociedade Moroi uma vez que seu período escolar terminasse no próximo mês. Esse tipo de desaparecimento era fora de sua personalidade, e quando eu não recebi uma resposta de texto dela, eu mandei uma para Eddie Castile.

Enquanto Jull e eu éramos Moroi, ele era um dhampir – uma raça nasica da mistura de sangue humano e vampiro. Sua espécie treinava para serem nossos defensores, e ele era um dos melhores. Infelizmente, suas formidáveis habilidades de batalha não foram suficientes quando Sydney o enganou para se separarem quando os Alquimistas vieram atrás dela. Ela o tinha feito para salvá-lo, sacrificando a si mesma, e ele não queria superar isso. Essa humilhação tinha matado a ignição de romance entre ele e Jill porque ele não se sentia mais merecedor de uma princesa Moroi. Ele ainda obedientemente servia como seu guarda-costas, no entanto, e eu sabia que se alguma coisa tivesse acontecido com ela, ele seria o primeiro a saber.

Mas Eddie não respondeu minha mensagem também, e nem os outros dois dhampirs que trabalhavam à paisana como seus protetores. Isso era estranho, mas eu tentei me assegurar que o silêncio de rádio de todos eles provavelmente significava que eles se distraíram juntos e estavam bem. Jill aparecia logo.

O sol estava me incomodando de novo, então eu caminhei em volta do prédio e encontrei outro banco que estava fora do caminho e encoberto pelas palmeiras. Eu me fiz confortável nele e logo adormeci, ajudado por ter ficado fora até tarde no bar ontem à noite e por ter terminado meu frasco de vodka. Um murmúrio de vozes me acordoi mais tarde, e eu vi que o sol tinha se movido consideravelmente no céu acima de mim. Também acima de mim estavam os rostos de Jill e Eddie, assim como dos nossos amigos Angeline, Trey, e Neil.

“Hey”, eu resmunguei, tentando me levantar. “Onde vocês estavam?”

“Onde você estava?” Eddie perguntou severamente.

Os olhos verdes da Jill suavizaram quando ela olhou para mim. “Está tudo bem. Ele esteve aqui o tempo todo. Ele esqueceu. Compreensível já que… bem, ele está passando por um período duro”.

“Esqueci o quê?” perguntei, olhando desconfortavelmente de rosto a rosto.

“Não importa”, Jill disse evasivamente.

“O que eu esqueci?” eu exclamei.

Angeline Dawes, uma das protetoras dhampir de Jill, provou ser como sempre a voz sem rédeas. “A exposição de final de período da Jill”.

Eu encarei em branco, e depois tudo voltou para mim. Uma das atividades extracurriculares de Jill era projeto de moda e clube de costura. Ela começou como modelo, mas quando isso provou ser muito público e perigoso para sua posição, ela recentemente tentou colocar sua mão em projetar atrás das telas – e descobriu que era muito boa nisso. Ele esteve falando no último mês sobre um grande show e exibição que seu grupo estava fazendo como seu projeto final, e era bom vê-la toda animada sobre algo de novo. Eu sabia que ela estava machucada sobre Sydney também, e com minha depressão transferida e seu romance arruinado com Eddie, ela vivia sob uma nuvem tão negra quanto a minha. Este show e a chance de mostrar seu trabalho têm sido um ponto brilhante para ela – pequeno no grande esquema de coisas, mas monumentalmente importante na vida de uma garota adolescente que precisava de alguma normalidade.

E eu estraguei tudo.

Pedaços de conversas voltavam para mim agora, ela me dizendo o dia e a hora, e eu prometendo que eu viria e a apoiaria. Ela até fez um ponto de me lembrar na última vez que eu a vi essa semana. Eu anotei o que ela disse e então saí para celebrar a Terça-feira da Tequila em um bar perto do meu apartamento. Dizer que seu show escapuliu da minha mente era pouco.

“Droga, desculpe-me, Jailbait. Eu tentei mandar mensagem…” eu levantei meu telefone para mostrar para eles, exceto que foi meu frasco de vodka que eu peguei ao invés. Eu rapidamente enfiei de volta na mochila.

“Nós tivemos de desligar nossos telefones durante o show”, Neil explicou. Ele era o terceiro dhampir no grupo, uma recente adição para Palm Springs. Ele subiu no meu conceito com o tempo, talvez porque ele estava sofrendo com seu próprio coração partido. Ele estava de pernas pro ar por uma garota dhampir que sumiu da face da terra, mas ao contrário de Sydney, o silêncio de Olive Sinclair era mais capaz de ser de bagagem pessoal e não sequestro Alquimista.

“Bem… então como foi?” Eu tentei. “Aposto que suas coisas foram incríveis, certo?”

Eu me senti incrivelmente estúpido, eu mal conseguia aguentar. Talvez eu não poderia lugar contra o que os Alquimistas fizeram com Sydney. Talvez eu não pudesse me preparar para uma prova. Mas pelo amor de deus, eu poderia no mínimo ter sido capaz de aparecer em um show de moda de uma garota! Tudo que eu tinha de fazer era aparecer, sentar lá, e aplaudir. Eu falhei até nisso, e o peso disso estava de repente pesando. Uma névoa negra encheu minha mente, me puxando para baixo, me fazendo odiar tudo e todos – eu próprio acima de tudo. Não era mistério que eu não conseguiria salvar Sydney. Eu nem conseguia cuidar de mim mesmo.

Você não precisa, Tia Tatiana sussurrou na minha mente. Eu vou cuidar de você.

Uma fagulha de compaixão apareceu nos olhos de Jill quando ela sentiu o humor negro aparecendo. “Foi ótimo. Não se preocupe – nós vamos lhe mostrar as fotos. Eles tinham um fotógrafo profissional fazendo tudo, e vai aparecer online”.

Eu tentei engolir a escuridão e consegui dar um sorriso tenso. “Satisfeito por ouvir isso. Bem, que tal nós todos sairmos e celebrar então? Jantar por minha conta”.

O rosto de Jill despencou. “Angeline e eu vamos comer com um grupo de estudo. Quer dizer, talvez eu possa cancelar. As provas estão a um mês de distância, então eu sempre posso–”

“Esqueça”, eu disse, ficando de pé. “Alguém nesse laço precisa estar preparado para provas. Vá se divertir. Eu encontro você depois”.

Ninguém tentou me impedir, mas Trey Juarez logo acompanhou seu passo com o meu. Ele era talvez o membro mais estranho do nosso ciclo: um humano que uma vez tinha sido parte de um grupo de caçadores de vampiros. Ele quebrou laços com eles, tanto por causa que eles eram maníacos e porque ele se apaixonou – contra toda a razão – por Angeline. Esses dois eram os únicos no nosso pequeno grupo com alguma semelhança de vida amorosa feliz, e eu sabia que eles tentavam amenizar para o resto de almas miseráveis nossas.

“E como exatamente você vai chegar em casa?” perguntou Trey.

“Quem disse que estou indo para casa?” repliquei.

“Eu. Você não tem motivo nenhum para sair e festejar. Você está horrível”.

“Você é a segunda pessoa a me dizer isso hoje”.

“Bem, então, talvez você deveria começar a escutar”, ele disse, me conduzindo em direção ao estacionamento de estudantes. “Vamos lá, eu dirijo”.

Era uma oferta fácil para ele fazer porque ele era meu colega de casa.

As coisas não começaram desse jeito. Ele era um interno em Amberwood, vivendo na escola com os outros. Seu ex-grupo, os Guerreiros da Luz, tinha as mesmas manias que os Alquimistas tinham sobre humanos e vampiros interagindo. Enquanto os Alquimistas lidavam com isto cobrindo a existência de vampiros de humanos comuns, os Guerreiros tinham uma abordagem mais selvagem e caçavam vampiros. Eles alegavam que iam apenas atrás de Strigoi, mas eles não eram amigos de Moroi ou dhampirs também.

Quando o pai de Trey descobriu sobre Angeline, ele tomou uma abordagem diferente do pai da Sydney. Ao invés de sequestrar seu filho e fazê-lo desaparecer sem um rastro, Sr. Juarez simplesmente deserdou Trey e cortou todos seus financiamentos. Felizmente para Trey, as mensalidades escolares já estavam pagas até o final do ano escolar. Alojamento e alimentação não estava, e então o alojamento de Amberwood despejou Trey há alguns meses. Ele apareceu na entrada da minha porta, oferecendo para pagar aluguel com seu salário escasso da cafeteria para que ele pudesse terminar o ensino médio em Amberwood. Eu o recebi e recusei o dinheiro, sabendo que era o que Sydney teria desejado. A minha única condição tinha sido que eu nunca, nunca chegasse em casa e o encontrasse se agarrando com Angelina em meu sofá.

“Sou podre”, eu disse, após vários minutos de silêncio desconfortável no nosso trajeto.

“Isso é algum tipo de piada de vampiro?” perguntou Trey.

Eu lhe lancei um olhar. “Você sabe o que eu quero dizer. Eu estraguei tudo. Ninguém pede muito de mim. Não mais. Tudo que eu precisava fazer era me lembrar de ter ido ao show de moda dela, e eu estraguei.

“Você tem um monte de porcaria acontecendo”, ele disse diplomaticamente.

“Assim como totó mundo. Diabos, olhe para você. Toda a sua família nega sua existência e fizeram o que podiam para expulsá-lo da escola. Você achou uma solução alternativa, manteve suas notas e esportes, e conseguiu pegar uma bolsa de estudos no processo”, eu suspirei. “Enquanto isso, eu talvez tenha reprovado na matéria de arte introdutória. Em algumas delas, na verdade, se eu tiver mais provas aparecendo essa semana – o que parece provável. Eu nem ao menos sei”.

“Sim, mas eu ainda tenho Angeline. E isso compensa aguentar todas as outras porcarias. Enquanto você…” Trey não conseguiu terminar, e eu vi o flash de dor em seus traços bronzeados.

Meus amigos aqui em Palm Springs sabiam sobre Sydney e eu. Eles eram os únicos no mundo Moroi (ou no mundo humano que encobriam o Moroi) que sabiam sobre nosso relacionamento. Eles se sentiram mal pelo o que aconteceu pelo meu bem e pelo dela. Eles amavam Sydney também. Não como eu amava, claro, mas ela era o tipo de pessoa que era leal ao extremo e inspirava laços profundos em seus amigos.

“Eu sinto falta dela também”, Trey disse suavemente.

“Eu deveria ter feito mais”, eu disse, me remexendo em meu assento.

“Você fez demais. Mais do que eu poderia ter pensado em fazer. E não apenas entrar em sonhos. Quero dizer, você incomodou o pai dela, pressionou os Moroi, fez a vida um inferno para aquela garota Maura… você esgotou tudo”.

“Eu sou muito bom em ser irritante”, admiti.

“Você apenas foi de encontro a uma parede, só isso. Eles são apenas muito bons em manter sua prisão secreta. Mas eles irão falhar, e você estará lá para encontrar essa falar. E eu estarei bem ao seu lado. Assim como o resto de nós”.

A conversa de animação era incomum para ele, mas não me alegrou em nada. “Eu não sei como eu irei encontrar essa falha”.

Os olhos de Trey se arregalaram. “Marcus”.

Balancei minha cabeça. “Ele esgotou suas pistas também. Eu não tenho o visto há um mês”.

“Não”. Trey apontou enquanto ele estacionava o carro no meu prédio. “Ali. Marcus”.

Com certeza. Ali, sentado nas escadas da frente do meu prédio, estava Marcus Finch, o ex-Alquimista rebelde que tinha encorajado Sydney a pensar por si própria e que esteve tentando – futilmente – localizá-la para mim. Eu tinha a porta aberta antes mesmo de Trey parar o carro.

“Ele não estaria aqui pessoalmente se não tivesse novidades”, eu disse animado. Pulei do carro e corri através da grama, minha letargia anterior substituída por um novo senso de propósito. Era isso. Marcus tinha conseguido. Marcus tinha achado respostas.

“O que foi?” eu demandei. “Você a encontrou?”

“Não exatamente”. Marcus ficou de pé e alisou seu cabelo loiro. “Vamos entrar e conversar”.

Trey estava quase não ansioso quanto eu quando enfiamos Marcus para dentro da sala de estar. Nós o encaramos com posturas espelhadas, braços cruzadas sobre nossos peitorais. “Então?” perguntei.

“Consegui uma lista de locais que podem estar sendo usadas como instalações base de reeducação”, Marcus começou, não parecendo nada entusiasmado quanto deveria para notícias como essa. Eu apertei seu braço.

“Isso é maravilhoso! Nós vamos começar a checa-las e–”

“Existem trinta delas”, ele interrompeu brucamente.

Deixei cair minha mão. “Trinta?”

“Trinta”, ele repetiu. “E nós não sabemos exatamente onde elas estão”.

“Mas você disse–”

Marcus levantou uma mão. “Deixe-me explicar tudo primeiro. Então aí você poderá falar. Essa lista que minhas fontes conseguiram é de cidades nos Estados Unidos que os Alquimistas estavam patrulhando para reeducação e alguns outros centros de operação. É de vários anos atrás, e enquanto minhas fontes confirmam que eles construíram de fato seu centro de reeducação atual em uma cidade da lista, nós não sabemos com certeza em qual delas eles acabaram escolhendo – ou mesmo onde nessas localidades eles escolheram. Há maneiras de descobrir? Claro, e eu conheço pessoas que podem começar a vasculhar. Mas nós teremos que fazer de uma forma cidade-por-cidade, e cada uma vai levar um tempo”.

Toda esperança e entusiasmo que eu tinha sentido ao ver Marcus foram aniquilados e sumiram. “E deixe-me adivinhar: ‘Um tempo’ é alguns dias?”

Ele fez uma careta. “Será caso por caso, dependendo das dificuldades da procura em cada cidade. Talvez demore alguns dias para riscar uma da lista. Talvez demore algumas semanas”.

Eu não imaginava que eu poderia me sentir pior do que eu sentia sobre a prova e Jill, mas aparentemente eu estava errado. Eu me joguei no sofá, derrotado. “Algumas semanas vezes trinta. Isso poderia ser mais de um ano”.

“A não ser que tenhamos sorte e ela esteja em uma das primeiras cidades em que procurarmos”. Eu poderia dizer que nem ele achava que isso era possível, no entanto.

“Sim, bem, ‘sorte’ não tem sido bem a maneira que eu descreveria como as coisas têm sido para nós”, eu mencionei. “Não vejo por que isso deveria mudar agora”.

“É melhor do que nada”, disse Trey. “É a primeira pista real que nós tivemos”.

“Eu preciso encontrar o pai dela”, eu murmurei. “Eu preciso encontrá-lo e compelir o inferno para fora dele para que ele me diga onde ela está”. Todas as tentativas de localizar Jared Sage se provaram infrutíferas. Eu tinha conseguido uma ligação de telefone e fui imediatamente desligado na cara. Compulsão não funcionava muito bem pelo telefone.

“Mesmo que você conseguisse, ele provavelmente não saberia”, disse Marcus. “Eles guardam segredos uns dos outros, exatamente pelo propósito de se proteger contra confissões forçadas”.

“Então aqui estamos”. Eu me levantei e fui em direção à cozinha, pronto para fazer um drinque. “Presos como estávamos antes. Busque-me daqui a um ano quando vocês forem capazes de verificar que sua lista era um beco sem saída”.

“Adrian–” Marcus começou, parecendo mais perdido do que jamais o tinha visto. Ele normalmente era o garoto propaganda para convencido confiante.

A resposta de Trey era mais pragmática. “Sem mais drinques. Você já teve muitas hoje, cara”.

“Eu serei o juiz disso”, retruquei. Ao invés de realmente fazer um drinque, eu acabei apenas pegando duas garrafas de licor aleatórias. Ninguém tentou me impedir enquanto eu ia para meu quarto e batia a porta.

Antes de eu começar minha festa de um homem só, eu fiz outra tentativa de alcançar Sydney. Não era fácil já que um pouco da vodka vespertina ainda estava fazendo efeito, mas eu consegui uma tentativa de alcançar o espírito. Como sempre, não tinha nada, mas a certeza de Marcus que ela estava nos Estados Unidos me fez querer tentar. Era início de noite na Costa Leste, e eu precisava conferir, somente no caso de ela ter decidido dormir cedo. Aparentemente não.

Assim quando eu me perdi nas garrafas, desesperadamente precisando arrancar tudo. Faculdade. Jill. Sydney. Eu não achava que era possível se sentir tão para baixo, ter minhas emoções tão negras e tão profundas que não houvesse maneira de elevá-las para qualquer tipo de sentimento construtivo. Quando as coisas terminaram com Rose, eu imaginei que nenhuma perda pudesse ser tão terrível. Eu estive enganado. Ela e eu nunca tivemos nada substancial. O que eu tinha perdido com ela era possibilidade.

Mas com Sydney… com Sydney, eu tinha tudo – e perdi tudo. Amor, compreensão, respeito. O sentimento que nós dois nos tornamos pessoas melhores por causa um do outro e que poderíamos aguentar qualquer coisa desde que estivéssemos juntos. Só que não estávamos mais juntos. Eles nos arrancaram um do outro, e eu não sabia o que iria acontecer agora.

O centro vai permanecer. Essa era a linha que Sydney tinha pescado de “A Segunda Vinda”, um poema de William Butler Yeats, para nós. De vez em quando, no meus momentos mais sombrios, eu me preocupava que as palavras originais do poema fossem mais adequadas: As coisas irão cair; o centro não vai permanecer.

Eu bebi até o esquecimento, apenas para acordar no meio da noite com uma dor de cabeça terrível. Eu me sentia nauseado também, mas quando cambaleei ao banheiro, nada veio. Eu apenas me sentia miserável. Talvez fosse por causa da escova de cabelo da Sydney que ainda estava lá, me relembrando dela. Ou talvez fosse por causa de eu ter pulado o jantar e não conseguir lembrar a última vez que eu tinha tido sangue também. Sem mistério de eu estar em condições tão ruins. Minha tolerância a álcool tinha fortalecido ao longo dos anos que eu raramente me sentia doente por causa disso, então eu devia ter me ferrado dessa vez. O mais espero teria sido começar a hidratar e tomar galões de água, mas ao invés, eu dei boas-vindas o comportamento autodestrutivo. Voltei para o meu quarto para outra bebida e consegui apenas me fazer sentir pior.

Minha cabeça e meu estômago se acalmaram perto do amanhecer, e eu consegui algum tipo de sono irregular de volta a minha própria cama. Isso foi interrompido algumas horas depois por uma batida na porta. Acho que foi até suave, mas com os restos remanescentes da minha dor de cabeça, pareceu mais uma marreta.

“Vá embora”, eu disse, espreitando com os olhos turvos a porta.

Trey meteu sua cabeça para dentro. “Adrian, tem uma pessoa aqui que você precisa conversar”.

“Eu já ouvi o que Marcus Jovial tinha para falar”, e retruquei. “Eu já cansei dele”.

A porta se abriu mais, e alguém passou Trey. Mesmo apesar do movimento fazer minha cabeça girar, eu fui capaz de sentar e dar uma olhada melhor. Eu senti meu queixo cair e me perguntei se eu estava alucinando. Não teria sido a primeira vez. Normalmente, eu somente imaginava Tia Tatiana, mas esta pessoa estava muito viva, bonita enquanto a luz do sol da manhã iluminava suas esculpidas maçãs do rosto e cabelos loiros. Mas não tinha chance de ela estar aqui.

“Mãe?” eu murmurei.

“Adrian”. Ela deslizou e se sentou ao meu lado na cama, tocando gentilmente meu rosto. Sua mão parecia fria contra a milha pele febril. “Adrian, está na hora de ir para casa”.

Eitaaa, a mãe do Adrian saiu da cadeia! O que eu quero mesmo falar é que acho bom a Richelle mudar o tom ou alguma coisa acontecer nos próximos capítulos, porque ninguém aguenta esses momentos EMO do Adrian, senão vai ser o livro mais chato do mundo (apesar de ele ser meu personagem favorito).

Fonte